da assessoria de imprensa da Câmara de Vereadores de Piracicaba
O vereador José Antonio Fernandes Paiva (PT) usou a tribuna para comentar reportagem veiculada pela EPTV na última terça-feira (20) a respeito das suspeitas de que verbas da Prefeitura de Piracicaba abasteceram esquemas da Construtora Delta considerados fraudulentos. Segundo a afiliada da TV Globo, o relatório de um grupo de parlamentares da bancada de oposição em Brasília (DF) indica que pelo menos R$ 43,2 milhões de obras públicas realizadas em Campinas e Piracicaba abasteceram quatro contas utilizadas no esquema de desvio de verba que envolve a Delta e o contraventor Carlinhos Cachoeira.
Ainda de acordo com a reportagem, baseada no documento apresentado na comissão mista de deputados e senadores que analisa as relações do bicheiro com agentes públicos e privados, o dinheiro era depositado na conta da construtora, que utilizava a verba para pagar 18 empresas de fachada envolvidas nas fraudes. Apesar de comprovar a presença do dinheiro público nas contas investigadas, o relatório, afirma a EPTV, não conclui a conivência das prefeituras e do Estado com o esquema. Segundo a reportagem, o maior repasse da região que aparece nas contas do esquema de corrupção veio da Prefeitura de Piracicaba, que entre março de 2011 e abril de 2012 repassou R$ 17,6 milhões à Delta para pagamento do serviço de coleta de lixo na cidade. Ouvida pela reportagem da EPTV, a administração municipal informou que o contrato com a construtora foi firmado após processo licitatório, em conformidade com a lei, e que o pagamento foi feito por meio de depósitos em contas indicadas pelas empresas. A Prefeitura afirmou ainda que a Delta foi vencedora da licitação após 117 lances e que desconhecia as fraudes apontadas pelo relatório de Brasília. Na tribuna, durante reunião ordinária na noite desta quinta-feira (22), Paiva lembrou o histórico da empresa no município, onde foi responsável, por um ano e meio, pela coleta de lixo. "Quando a Delta assumiu os serviços em Piracicaba, ela já era investigada pela Polícia Federal. Toda Piracicaba se lembra de que ela nem sequer conseguia operar porque não tinha caminhões", rememorou. O parlamentar relacionou as revelações trazidas pelo relatório a uma série de fatos que vêm ocorrendo na cidade desde agosto, quando os trabalhos de apuração do caso foram finalizados. Ele citou como exemplos problemas na saúde e a crise da segurança pública no Estado de São Paulo, com repercussão também em Piracicaba. Para Paiva, durante o processo eleitoral "esses assuntos não vinham à tona" e houve uma tentativa de "desviar o foco dos principais problemas" do município, os quais, agora, não há "como esconder".
Diante das denúncias, Paiva apresentou requerimento questionando o Executivo sobre quando o dinheiro foi remetido, para quem ele foi destinado e em nome de qual empresa. Ele também quer saber se, depois dos 117 lances, a Prefeitura fez algum aditivo no contrato e, se sim, por qual motivo. "Quero acreditar que não tenha havido irregularidade, mas, se tiver, vão ter que pagar. Nós temos que passar o país a limpo", disse o vereador.