da assessoria de imprensa da Câmara de Vereadores de Piracicaba
640 brinquedos foram distribuídos a crianças carentes do bairro, no último sábado. Ação é realizada desde 2004 e contou este ano com a parceria da OAB de Piracicaba.
O que torna Bryan Taylor e Breno Nicolay semelhantes não é o nome ––de inspiração americana, tal qual o de seus outros irmãos (eram em 15, mas dois morreram), nem o fato de serem gêmeos (já que ambos não são idênticos, como alertou um deles, caso o repórter, por vezes distraído, não tenha observado).
O que faz os irmãos de 7 anos de fato iguais (iguais entre si e a todas as outras crianças) é a alegria que transbordam pelos olhos ao verem o Papai Noel logo à frente. Num lugar em que sobrevive a esperança por dias melhores, mesmo faltando educação, saúde, transporte e moradia de qualidade, por que não acreditar que o homem barrigudo, de barba postiça, roupa vermelha e "hohoho" rouco não é mesmo o Bom Velhinho?
Na longa fila que se formou no salão do Centro Comunitário do Novo Horizonte, na manhã do último sábado (14), Bryan e Breno aguardavam ansiosos o chamado por seus nomes para receber dois carrinhos entre os 640 brinquedos distribuídos em uma ação social organizada pelo vereador Paulo Campos (PROS) em parceria com a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Piracicaba. O vereador Dirceu Alves da Silva, correligionário de Paulo Campos no PROS, também participou do gesto solidário.
Os irmãos, de pulseira azul no punho, mal sabiam onde colocavam as mãos ––ora as levavam à boca, ora as juntavam para um aplauso, ora as espremiam, nervosas, uma contra a outra. Crianças com bom comportamento durante o ano ––na escola e em casa, como confirmou a mãe, Elizabeth––, Bryan e Breno tentavam adivinhar o que escondiam os pacotes cuidadosamente embrulhados que se erguiam em pilhas ao lado de uma dupla de Papais Noéis.
Eram carrinhos para eles e bonecas para elas, que variavam de tamanho conforme a idade do presenteado. Ao custo de R$ 13 a R$ 30 cada um, os mimos representaram um alívio para o bolso da secretária do lar Elizabeth Soares Barbosa, mãe de 13 filhos (a mais velha de 27 anos e os mais novos, justamente os gêmeos, de 7). "Às vezes, a gente não tem dinheiro para comprar. E criança, a gente sabe, se diverte com qualquer brinquedo que dão", disse ela, de 43 anos, divorciada e já avó de seis netos.
ENTREGA DE PRESENTES - A ação social é liderada por Paulo Campos desde 2004. É a forma que o hoje vereador ––que por anos foi catador de lixo no aterro sanitário do Pau Queimado até ter uma oportunidade de trabalhar na Caterpillar, se formar e tornar-se advogado–– encontrou de marcar o Natal das crianças que vivem no Novo Horizonte, bairro onde ele nasceu, cresceu e mora.
"Como não é novidade para ninguém, eu trabalhei no aterro sanitário do Pau Queimado e enfrentei lá muitas dificuldades. Na escola, tiravam sarro de mim, mas consegui superar todas essas dificuldades", disse Paulo Campos, ao defender a educação como meio para superar as barreiras impostas pela desigualdade.
"Sou um defensor da educação. É preciso estar preparado para enfrentar o mercado de trabalho, tão competitivo, e sabemos que só sobrevivem os que se dedicam, estudam e buscam oportunidades. Deixo uma mensagem para que as crianças estudem, porque nosso país só vai mudar com a educação, e respeitem sobretudo seus pais e mães", completou o vereador.
APOIO - O gesto de solidariedade liderado por Paulo Campos, que nas primeiras edições contava com a parceria da Caterpillar, teve este ano o apoio da OAB de Piracicaba, que, sob a gestão de Fábio Moura, retomou seu projeto "Papai Noel da OAB". "Buscamos parceiros: um advogado pediu ajuda para o cliente, cada um foi colaborando um pouquinho", contou o presidente da entidade. "É um modo de marcar o Natal daqueles que mais precisam. É algo muito pequeno ainda; podemos fazer mais, e a OAB sempre vai buscar novos projetos para fazer mais."
As 640 crianças com idade de 1 a 10 anos que receberam os presentes dos Papais Noéis ––vividos por Fernando Colonesi, advogado, e Magno Luís dos Santos, membro da comunidade–– foram selecionadas duas semanas antes por uma equipe de cerca de 20 voluntários que percorreu, casa a casa, as ruas 1 a 11 do Novo Horizonte, cadastrando os nomes e entregando pulseiras coloridas de identificação. Das mais de 2 mil crianças do bairro, deu-se preferência por presentear as "que mais precisam, que não vão ter nenhum brinquedo no final do ano", como ressaltou Paulo Campos.
O vereador, por sinal, planeja ampliar as ações voltadas às crianças do Novo Horizonte. Está em seus planos promover uma sessão de cinema infantil toda semana no bairro, além de implantar, com a ajuda da OAB, um curso de direito constitucional paralelo à grade curricular das escolas, a fim de levar mais conhecimento aos jovens estudantes.