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Douglas Silva

Autor: Douglas Silva

Nossa camisa verde e amarela

17/7/2022 - Piracicaba - SP

O uniforme amarelo da Seleção brasileira de futebol, conhecido como “camisa canarinho”, tornou-se um dos símbolos mais famosos do Brasil. Contudo, em 2018 no auge da histeria coletiva que acometeu o país ela se tornou um símbolo obscuro, onde associada ao bolsonarismo foi descaracterizada pelas pessoas que se associam a essa ideologia perversa que se transformou em uma verdadeira máquina de destruição da República brasileira.  

A criação do uniforme se deu após o sonho da copa de 1950 ser interrompido. Como se dizem “um sonho que se transformou em tragédia em pleno solo do (Maracanã)”.  

Após tal “tragédia” foi realizado um concurso para escolha das cores para nossa Seleção que naquela época usava branco como sendo o uniforme que segundo consta o branco não representava a ideia da nacionalidade brasileira. Se olharmos para o momento atual “o branco” poderia representar nossa constante busca por um país mais igualitário que deveria fomentar em todo o território brasileiro a paz.  

No transcorrer da criação da camisa verde e amarela, após um longo processo criativo onde ALDYR GARCIA SCHLEE juntou as cores da nossa bandeira que logo após aprovada conquistou a simpatia dos amantes do futebol, que associavam à boa sorte; hoje podemos observar que a alusão a esse contexto vem se perdendo gradativamente, causando constrangimento aos que usam a vestimenta que é como dito um dos símbolos nacionais mais conhecidos pelo mundo. Tal sentimento se dá devido à barbárie assoladora de um país mal gerido que associado aos “homens de bem” vem perdendo sua identidade nos últimos anos.  

Há um contraponto muito duro entre às duas tragédias que mexeu com a estrutura nacional. A de 1950 impulsionou o país a ser conhecido como o maior criador de talentos, visto a legalidade fomentada ao poder da criação e da arte tão valiosa que só nós brasileiros possuímos e que no ano de 2018 produziu o avesso, que corroí as Instituições, que fomenta a obscuridade intelectual que priva o poder da arte em detrimento a uma ideologia que não constrói, mas que traz a todo o momento uma fantasia de eterna ameaça comunista, que sustenta o discurso antagônico a barbárie que se tenta extinguir.  

Se antes a cultura que envolve a camisa verde amarela era motivo de orgulho, hoje se torna a representação do atraso e do negacionismo que mata, levando ao contexto da perda da representatividade perante o mundo.  

As cores tão aclamadas pelos dribles que traz alegria a um povo vítima da desigualdade produzida pelo Estado atualmente se vê ainda mais manchada pelo comportamento hostil sustentado por uma retórica de defesa da família, de uma falsa ideia de patriotismo conservador, do autoritarismo que cheira elementos neofascistas, do negacionismo científico que induz ao fortalecimento da alienação coletiva que acredita que o porte de armas pode salvar vidas. Tais situações promovem a rejeição aos direitos humanos que é quase sempre mal compreendido ou distorcido pelo sistema que corrompe as pessoas.  

Apesar de todo esse contexto e da apropriação política indevida da amarelinha a pluralidade de cores tomou conta do país e isso mostra a capacidade do povo brasileiro de se reinventar. Mesmo diante do cenário atual não devemos criar a ideia do boicote à camisa amarela, pois o símbolo tão valioso é apartidário. A história nos mostra que essa apropriação não é um fenômeno novo, e essa ideia não traduz uma divisão exata da população, pois já está explicito as necessidades e o rumo que o Brasil se encontra.  

É só observamos todo o movimento plural dos últimos anos que será possível observar que mesmo sendo inegável a relação entre política e futebol, hoje é percebido certo distanciamento.A amarelinha representa o orgulho e a luta pela democracia; no futebol, segundo o antropólogo DaMatta, “vive-se a experiência da democracia em estado puro. Ninguém nasce craque, torna-se craque. É tudo o que a política, com seu sistema de privilégios, não é”. 

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